Sobre a Psoríase

Tudo o que precisa de saber
A psoríase é uma doença inflamatória crónica que afeta a pele e as unhas, associada a diversas comorbilidades, que produz um profundo impacto negativo no bem-estar.

A inflamação manifesta-se na pele, como lesões localizadas ou generalizadas. Estas lesões, escamosas e pruriginosas, podem ser vermelhas (na pele clara) ou escuras (em peles mais escuras).

A psoríase é uma doença crónica para toda a vida. Os períodos em que as lesões se manifestam são denominados exacerbações , e os períodos em que desaparecem são denominados remissões. O desaparecimento das lesões não significa que a psoríase esteja curada, dado que a sua remissão é apenas temporária. As exacerbações e as remissões são parte do curso clínico normal da psoríase.

Adicionalmente, as pessoas com psoríase têm maiores probabilidades de padecer de outras doenças crónicas , como diabetes e patologias cardiovasculares, de modo que a deteção precoce e um correto tratamento médico destas doenças é da máxima importância para prevenir o seu avanço.

A psoríase é uma doença de distribuição universal. Pode aparecer em qualquer idade, mas é raro que se manifeste antes dos 10 anos. Aparece com maior frequência entre os 15 e os 30 anos. Considera-se que é igualmente comum em homens e mulheres.

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A nível mundial, calcula-se que a psoríase afeta cerca de 60 milhões de pessoas6.

A doença psoriática é contagiosa?
Não, a psoríase não é uma doença contagiosa. As lesões psoriáticas não são infeciosas. Dado não ser possível contrair psoríase de outra pessoa, não existe qualquer motivo para evitar as pessoas afetadas por esta doença. Podemos abraçá-las, sair com elas, ir nadar com elas, pedir-lhes roupa emprestada, dar-lhes a mão, divertir-nos com elas... Como com qualquer outra pessoa!

Como é que a psoríase é diagnosticada?
A apresentação da psoríase em placas, o tipo mais comum da doença, é bastante característica, de modo que o seu médico pensará provavelmente nesse diagnóstico, após um simples exame visual da pele afetada. No entanto, se as lesões não forem as típicas, ou em caso de dúvida, pode pedir a colheita de uma amostra de pele e a sua análise (biópsia ) para confirmar que se trata efetivamente de psoríase.

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A causa exata da psoríase é desconhecida , mas cerca de 30% das pessoas afetadas por esta doença têm familiares diretos também afetados, o que demonstra uma predisposição genética. No entanto, os genes psoriáticos não resultam necessariamente no desenvolvimento da doença, que requer a coincidência de outros fatores.

A etiologia da psoríase continua incerta, apesar da evidência apontar para a predisposição genética. A hereditariedade não explica totalmente o porquê do aparecimento da psoríase. Outros fatores, como a saúde e determinados hábitos e aspetos do estilo de vida pessoal, podem aumentar a probabilidade de desenvolver psoríase, especialmente em indivíduos com uma predisposição genética 5 .

  • Infeções. As infeções podem desencadear e exacerbar a psoríase.
  • Stress. O stress está associado tanto com o desenvolvimento da psoríase, como com as recidivas em pessoas com diagnóstico prévio da doença.
  • Meteorologia. A psoríase cutânea costuma piorar durante o inverno e melhorar no verão.
  • Tabagismo. O risco de desenvolvimento da psoríase duplica nas pessoas fumadoras. Adicionalmente, suspeita-se que a quantidade de tabaco consumido e a duração do tabagismo também aumentam o risco.
  • Consumo de álcool. Tal como com o tabagismo, também se suspeita que o consumo de álcool tem influência no desenvolvimento da psoríase. Além disso, o álcool aumenta a gravidade das manifestações e pode diminuir a eficácia do tratamento..
  • Obesidade. Está demonstrado que a obesidade é um fator de risco independente para a psoríase.
  • Outras lesões cutâneas. Qualquer alteração cutânea, como arranhões, piercings ou queimaduras solares, pode provocar o aparecimento de lesões psoriáticas. É o que se conhece como o 'fenómeno de Koebner'.
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O papel do sistema imunitário no desenvolvimento da psoríase
A função do sistema imunitário consiste em defender o organismo de infeções e de outras agressões externas. Nos doentes afetados pela psoríase, o sistema imunitário é ativado de forma desequilibrada. Como resultado, o ciclo de renovação celular é acelerado, o que provoca a acumulação de queratinócitos, que formam manchas vermelhas salientes ou placas espessas cobertas de escamas.

A psoríase pode ser prevenida?
Não se pode prevenir a psoríase. No entanto, foram identificados diversos fatores desencadeantes (nomeadamente a obesidade, o tabagismo, o stress, e determinadas infeções como a amigdalite e a periodontite). Compreender e minimizar estes fatores desencadeantes pode ser uma parte importante da gestão da psoríase.

Sabia que a psoríase se pode manifestar de diversas formas?

A psoríase em placas, também conhecida como psoríase vulgar, é o tipo mais comum da doença, representando cerca de 9 em cada 10 casos diagnosticados 6 .

Caracteriza-se por manchas vermelhas, cobertas com escamas brancas ou prateadas. Estas placas aparecem com diversos tamanhos e podem ser encontradas em determinadas zonas do corpo , ou cobrir a maior parte da pele. Aparecem geralmente nos cotovelos, nos joelhos, no couro cabeludo e na parte inferior das costas. Podem, porém, surgir em qualquer zona da pele.

Apesar da psoríase em placas ser o tipo mais comum da doença, não é o único.

Além das manchas vermelhas, a psoríase também pode manifestar-se como pontos, bolhas ou como uma vermelhidão generalizada da pele. Dependendo da sua forma e localização, será um tipo de psoríase diferente:

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Tipo de psoríase Característica principal Caracterização Manifestação
Psoríase em placas A mais comum. Representa 90% dos casos de psoríase. Manchas vermelhas cobertas com escamas brancas ou prateadas. Tamanho variável, desde pequenas manchas a grandes placas, que podem cobrir uma parte importante da superfície do corpo. São frequentemente pruriginosas e dolorosas, e podem gretar e sangrar. Aparecem geralmente nos cotovelos, joelhos, couro cabeludo e na parte inferior das costas.
Psoríase gutata A segunda mais comum. É a forma mais frequente nas crianças e adolescentes. Lesões de cor avermelhada, que podem estar cobertas por camadas de pele escamosa. Geralmente no tronco e na parte superior dos braços e das pernas.
Psoríase inversa Relativamente rara, representa entre 2% e 6% da totalidade dos casos de psoríase. Placas muito vermelhas à volta das dobras da pele. As bordas podem ficar gretadas. Aparece geralmente na parte posterior dos joelhos, nas axilas, nas virilhas e noutras dobras da pele próximas dos genitais e das nádegas.
Psoríase pustulosa Tipo raro de psoríase. Afeta principalmente adultos. Pústulas, que podem agregar-se e formar uma única bolha de grande tamanho. Afeta geralmente os pés e as mãos.
Psoríase eritrodérmica A forma mais grave de psoríase, mas a menos frequente. Uma erupção vermelha e escamosa. Cobre praticamente toda a superfície da pele.

Os sintomas da psoríase dependem, principalmente, do tipo da doença e da localização.
A psoríase em placas, que é o tipo mais comum, manifesta-se com os seguintes sinais e sintomas:
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Manchas vermelhas redondas ou ovaladas, cobertas com escamas brancas ou prateadas.

Tamanho variável, desde pequenas manchas a grandes placas que podem cobrir uma parte importante da superfície do corpo. Aparecem geralmente nos cotovelos, nos joelhos, no couro cabeludo e na parte inferior das costas, apesar de poderem afetar qualquer parte da pele.

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Prurido.

Um dos sintomas mais frequentes da psoríase é o prurido, que pode ter um impacto mais importante na qualidade de vida dos doentes do que os efeitos visíveis da doença. A prevalência do prurido é de 60%-90% 7 dos doentes, representando a principal fonte de incómodo, e afetando tanto o bem-estar físico como o psicológico.

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Ardor, dor ou derramamento de sangue.

Outro sintoma bastante comum é a dor na pele, que se manifesta em até 90% dos doentes. Ainda outro sinal típico da psoríase é o fenómeno de Koebner, que provoca o aparecimento de lesões psoriáticas entre 2 e 6 semanas após qualquer tipo de trauma cutâneo (arranhões, queimaduras, etc.). Acontece em 1 de cada 4 doentes que sofrem de psoríase.

O que tenho de fazer se observar alguns destes sintomas?

Tal como se indicou anteriormente, a psoríase pode afetar muito mais do que só a pele. O dia-a-dia com a psoríase pode ser problemático.

O doente pode ter momentos em que se sente saudável, forte e resiliente, mas também pode experimentar sentimentos de solidão, constrangimento, ansiedade, baixa autoestima, depressão, raiva ou medo.

Estabelecer com um profissional da saúde um plano de tratamento que ajude a gerir de forma eficaz a psoríase pode diminuir o impacto da doença no seu dia-a-dia, e criar um sentimento de esperança para o futuro. Também é muito importante reconhecer esse impacto, ser capaz de pedir ajuda às pessoas mais próximas e criar hábitos saudáveis para enfrentar os desafios de viver com uma doença crónica.

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O impacto da psoríase vai além da óbvia gravidade das lesões cutâneas Perturba todos e cada um dos aspetos da vida quotidiana dos doentes, provocando uma importante carga física, emocional e social, e afetando a sua saúde mental.

88% dos doentes 8 que sofrem de psoríase apresentam perturbações em todos os aspeto da sua vida diária.

Perturbações do sono

As perturbações do sono são altamente prevalentes em doentes com psoríase. De facto, 61% dos doentes com prurido sofrem de perturbações do sono 9 .

Este problema está associado a uma diminuição da qualidade de vida e a um aumento do risco de problemas metabólicos e psicológicos, que podem depois ter repercussões na vida laboral, familiar e social.

Dificuldades nas relações sociais e laborais

A exclusão social, a discriminação e o estigma produzem importantes impactos negativos nos doentes que sofrem de psoríase e nas suas famílias. Adicionalmente, a fadiga e o absentismo laboral podem limitar a produtividade e a capacidade de desempenhar determinadas funções.

Impacto da psoríase na autoestima e no estado de espírito

A psoríase pode provocar insegurança e uma baixa autoestima. O doente pode sentir-se mais envergonhado e preocupar-se excessivamente com as reações das outras pessoas ou com o que estas pensam dele. Os sintomas da psoríase reduzem o bem-estar e causam ansiedade relacionada com a aparência pessoal, vergonha, culpa, baixa autoestima, constrangimento, isolamento e problemas laborais.

Como resultado, 1 em cada 4 doentes apresentam sinais de depressão e 48% sofrem de algum tipo de transtorno de ansiedade 10 .

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Impacto da psoríase em áreas de difícil tratamento

Apesar da psoríase surgir geralmente nos ombros, nos joelhos e na parte inferior das costas, pode afetar outras partes do corpo mais problemáticas:

Couro cabeludo.

Representa um importante problema psicossocial. De facto, 31% dos doentes com psoríase no couro cabeludo indicaram sofrer sentimentos de angústia 11 . Os sintomas mais incómodos são:

  • a visibilidade das lesões, em 34% dos casos. 11 .
  • o prurido, em 26% dos casos. 11 .

Dobras da pele.

A psoríase inversa pode ocorrer em dobras da pele, como as axilas e por baixo dos seios. São lesões vermelhas, suaves e brilhantes, que aparecem nas virilhas, nos genitais, nas axilas, entre as nádegas e por baixo dos seios. Devido à humidade presente nestas zonas, as lesões não possuem camadas escamosas. Podem coexistir com outros tipos de psoríase na mesma pessoa.

Genitais.

Cerca de 80% das pessoas que sofrem de psoríase genital manifestaram que a doença afetou a sua vida sexual. 12 . Pode estar associada com:

  • considerável morbilidade, incómodo e constrangimento.
  • redução significativa da qualidade de vida e do bem-estar psicossexual.

Palmas das mãos e plantas dos pés.

A psoríase nestas zonas pode ter um importante impacto negativo na qualidade de vida. É frequentemente acompanhada por dolorosas gretas e fissuras, que podem sangrar.

Unhas.

A psoríase afeta as unhas de até metade dos doentes. Uma lesão típica são os orifícios nas unhas, como se estas tivessem sido furadas com um alfinete. Estes pontos fazem com que essa parte da unha pareça a superfície externa de um dedal. Também é frequente que a psoríase torne toda a unha branca, fazendo com que a extremidade se separe da pele e adquira uma cor acinzentada, com a borda amarelada. Por vezes, as unhas tornam-se muito grossas.

Rosto.

A psoríase facial é rara, mas ao ser tão visível pode ter um significativo impacto psicológico. Afeta tipicamente as sobrancelhas, a pele entre o nariz e o lábio superior, a parte superior da testa e o contorno do couro cabeludo. A psoríase no rosto e nas zonas circundantes tem de ser tratada cuidadosamente, dado que a pele dessas partes do corpo é bastante sensível.

A psoríase é uma doença crónica que geralmente exige tratamento ao longo da vida inteira. Devido à sua causa ainda ser desconhecida, todos os tratamentos disponíveis estão orientados para o controlo dos seus sinais e sintomas.

Existem diferentes opções de tratamento para a psoríase, como tratamentos tópicos (aplicados externamente na pele), fototerapia (com luz ultravioleta) e medicação sistémica.

Os doentes com psoríase têm de tomar numerosas decisões de tratamento e gestão da doença.

A tomada de decisões partilhada representa uma nova abordagem ao tratamento que tem em consideração as preferências e os valores dos doentes, estabelecendo uma relação de cooperação com os profissionais de saúde para tomar decisões de tratamento.
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